Acidente de Trabalho em Manaus: guia claro, direto e estratégico

Acidente de trabalho em Manaus: o que fazer na hora, CAT, benefícios (B91/B31), estabilidade e retorno. Passo a passo, checklists e modelos.

Conteúdo prático sobre horas extras para quem atua em Manaus e região: quando existem, como calcular, provar, organizar e resolver. 

O que é acidente de trabalho (e equiparações)

Em linhas práticas, acidente de trabalho é o evento que ocorre no exercício do trabalho ou em razão dele, causando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que leve a morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 

Além do acidente típico (ex.: queda, corte, esmagamento, choque elétrico), há situações equiparadas:

Registre tudo. Em saúde e segurança, “o papel” organiza os fatos e acelera as soluções. 

Tipos mais comuns e sinais de alerta

Típicos

Doenças ocupacionais

Trajeto

Sinais de alerta (procure atendimento imediatamente)

O que fazer imediatamente (passo a passo HowTo)

1

Primeiros socorros e atendimento

Chame apoio interno (CIPA/SESMT) e SAMU/UPA/HPS conforme gravidade.

2

Comunicar o superior/RH

Relate local, horário, atividade e como ocorreu.

3

Registrar evidências

Fotos do local, máquinas, EPI utilizado/não utilizado, testemunhas, câmera (se houver).

4

Guardar documentos médicos

Atestados, laudos, exames, prontuário/boletim.

5

CAT

Solicitar emissão até o 1º dia útil seguinte (em caso de morte, imediata). 

6

Acompanhar

Se afastamento ultrapassar 15 dias, acionar benefício junto ao INSS (ver seção Benefícios).

7

Organizar pasta “KIT ACIDENTE”

Tudo em um lugar — facilita conversas e decisões.

Checklist rápido (coloque no mural): Primeiros socorros → Comunicar RH → Fotos/Testemunhas → Atestado/Laudo → CAT → Guardar tudo.

CAT — Comunicação de Acidente de Trabalho: quem emite, quando e como

CAT é o documento que comunica oficialmente o acidente de trabalho/doença ocupacional. A empresa/empregador possui o prazo de missão até o 1º dia útil seguinte ao acidente e  imediata em caso de morte.

Quem pode emitir: preferencialmente o empregador. Na ausência/recusa, próprio acidentado, sindicato, médico ou autoridade também podem emitir.

Onde emitir: canais oficiais (ex.: eSocial/portal específico) e unidades do INSS. Empresas em eSocial têm eventos próprios (ex.: S-2210 para acidente). 

Comprovantes: guarde protocolo/recibo, cópia da CAT e comprovantes de envio. 

Dicas práticas (Manaus)

Em plantas industriais, alinhar com SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho).

Em comércio/serviços, combine com RH a coleta de documentos médicos ainda no dia.

Se não emitirem, anote: “Solicitei CAT em [data/hora]; resposta de [nome] foi [texto]” e busque emissão por outra via (médico/sindicato).

A CAT não “cria” um acidente; ela documenta. Quanto antes, melhor para todos.

Documentos essenciais e checklists de prova

Pasta “KIT ACIDENTE” (organize em Drive/celular):

Por que isso importa?

Sem pressa, mas com método: salve tudo na mesma pasta e nomeie por data. Facilita qualquer etapa.

Benefícios e afastamentos: B91, B31, auxílio-acidente e reabilitação

Primeiros 15 dias: em regra, pagos pela empresa (salário). A partir do 16º dia: se incapacidade continuar, o INSS avalia benefício por incapacidade. 

B91 — Auxílio por incapacidade temporária acidentário (antigo “auxílio-doença acidentário):

Quando reconhecida a nexo com o trabalho (acidente/doença ocupacional).

Conta para estabilidade (ver seção Estabilidade).

FGTS: em afastamentos por acidente de trabalho, há previsão de recolhimento durante o afastamento.

B31 — Auxílio por incapacidade temporária previdenciário:

Quando sem nexo com o trabalho (doença comum).

Não gera estabilidade típica do B91.

Auxílio-acidente (indenizatório):

Pode ser devido após a consolidação das lesões, quando fica sequela que reduz a capacidade para o trabalho (mesmo com retorno).

É um benefício pago pelo INSS, cumulável com salário, mas não com aposentadoria por incapacidade permanente.

Aposentadoria por incapacidade permanente:

Quando a perícia conclui que não há reabilitação possível para qualquer atividade compatível.

Reabilitação profissional:

Programa do INSS para requalificar e readaptar o trabalhador para outra função quando necessário.

Dica prática: ao agendar perícia, leve tudo (médicos, CAT, fotos, PPP/LTCAT quando houver). Isso acelera e dá coerência ao quadro.

Estabilidade, FGTS e reflexos no contrato

Estabilidade

Ao retornar de B91, costuma haver garantia de emprego por 12 meses (salvo algumas exceções). Durante esse período, uma dispensa sem justa causa pode gerar consequências específicas.

FGTS

No afastamento por acidente de trabalho, há previsão legal de recolhimento pelo empregador durante o período de benefício.

Reflexos

Horas extras habituais, adicionais de insalubridade/periculosidade e diferenças de FGTS podem interagir com o histórico de saúde e segurança.

Veja também: FGTS não depositado e Insalubridade/Periculosidade— temas costumam se conectar no dia a dia

Volta ao trabalho: ASO de retorno, readaptação e cuidados

ASO de retorno (Atestado de Saúde Ocupacional)

Obrigatório após afastamento por período definido em norma; avalia se você está apto a retornar e com ou sem restrições.

Readaptação

Quando há limitações, o empregador pode ajustar a função/tarefas, providenciar EPI adequado e treinamento.

Acompanhamento

PCMSO e consultas de controle ajudam a prevenir recidivas.

Comunicação

Deixe claro por escrito se alguma tarefa agrava a lesão; isso é prevenção, não reclamação.

Retorno bom é retorno seguro. A saúde vem primeiro.

Erros comuns e como se proteger

Segurança é método. Pequenos hábitos diários evitam grandes problemas.

Não emitir CAT achando que “complica”

A CAT organiza fatos e protege direitos.

Não guardar documentos

Sem histórico, tudo fica mais difícil.

Não comunicar o RH

Informação tardia atrasa providências.

Ignorar treinamentos/EPI

Segurança é rotina, não evento.

Voltar antes do tempo

Risco de piora; Siga orientação médica.

Perguntas rápidas (FAQ)

Sofri acidente, mas a empresa não quis emitir CAT. E agora?

Você, sindicato, médico ou autoridade podem emitir. Guarde provas e comunicações.

Em muitos casos, o trajeto é analisado como equiparado para fins previdenciários, conforme documentação. Organize registros (BO, socorro, testemunhas).

Empresa até o 15º dia; depois, INSS avalia benefício (B91/B31 conforme o caso).

Casos de retorno de B91 costumam conferir 12 meses de garantia de emprego, observadas as exceções legais.

Sim, via readaptação/reabilitação, com suporte médico e de segurança. 

Organize comprovantes e comunique formalmente; trate no canal adequado (veja: Falta de depósito de FGTS).